CineSkené 9 CREPÚSCULO DOS DEUSES
Julgo que não há filme mais negro sobre o mundo do cinema. Não que seja uma directa ao universo da indústria cinematográfica, neste caso a Hollywood. Nada disso, a indústria faz ali o que tem a fazer, produtores e realizadores até têm sentimentos e úlceras provocadas pela tensão. Todos querem receitas de bilheteira e/ou fama, mas o filme não acusa ninguém directamente. O ambiente, porém, é de “filme negro” e raras vezes se sente tanta solidão e desespero, quando se olha a indústria do espectáculo por excelência. Neste aspecto, e porque se trata de um filme que nos fala da decadência das vedetas do “mudo” quando chegou o “sonoro”, até apetece dizer que “Sunset Boulevard” é, em drama lunar, o outro lado do solar “Singing in the Rain” que, como comédia, se atreve a glosar a passagem do “mudo” ao “sonoro” com todas as consequências que novas tecnologias impõem. Em paródia, muito crítica.
Lauro António,
in http://cinemaamericano1930-1960.blogspot.pt/2012/06/24-sessao-o-crepusculo-dos-deuses.html