A estranha e inquietante profundidade de Vertigo se revela desde as cenas iniciais. A câmara focaliza o interior de um olho, capturando a pupila. Do fundo desta, como do fundo de um abismo cósmico, começam a brotar formas que invadem toda a tela, sugerindo um espaço infinito e absoluto onde a imagem em espiral envolve o espectador. Primeiro, uma espiral meio avermelhada, e uma segunda, azul. Logo, quase toda a gama das cores forma círculos concêntricos que culminam com o espectro do ramalhete de flores, de Carlotta Valdés no quadro que está na galeria, um dos leitmotif da película.
“Vertigo, de Hitchcock: a linguagem do sinistro e a visão trágica dos
mitos clássicos”
de Cristina Maria Teixeira Martinho
in http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_3/224.pdf