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La Ronde, com encenação de Alexis Henon (4 a 7 de Abril, às 21:30)

4 a 7 de Abril às 21:30 no Auditório Municipal de Gondomar

25 a 28 de Abril no Théâtre Le Rex, Feyzin, Lyon.

Bilhetes à venda no Auditório Municipal de Gondomar || Reservas: inskene@gmail.com

La Ronde, a partir do texto original de Arthur Schnitzler

Tradução: Sofia Araújo

Encenação: Alexis Henon

Actores: Ana Catarina Vigário, Carlos Vieira, Nuno Nolasco e Sarah J. M’rad

Produção: In skené – Companhia de Teatro

Fotografia: Joana Sousa

Cartaz: Tiago Moreira

Vídeo: Ricardo Pita

Apoios: Câmara Municipal de Gondomar, Ville de Feyzin, Consultado Geral de Portugal em Lyon, Instituto de Literatura Comparada da UP, Universidade do Porto, Era uma vez em Paris

 

 

 

Nota do Encenador

Si l’histoire de la création d’un spectacle est toujours singulière, que dire de celle de notre Ronde…
Ce projet est né d’une rencontre, celle d’une compagnie de Théâtre, In Skené, et d’un acteur, Carlos Vieira.
Ensemble, ils ont nourri l’ambition d’une résidence artistique, d’un creuset culturel.
Pour se faire, ils ont réuni une équipe d’acteurs et un metteur en scène dans un théâtre, l’auditorium de Gondomar.

Ce groupe est aujourd’hui composé de cinq personnes qui ne se connaissaient pas il y a encore quelques semaines et pour cause : cette résidence cultive les différences !
Différence générationnelle, notre groupe étant composé de femmes et d’hommes de 21 à 47 ans.
Différence de processus de travail, certains mettant leur art au service la scène tandis que d’autres l’offrent plus généralement au regard attentif des caméras. Différence de langue et de culture, l’équipe étant composée de trois Portugais et de deux Français…

Comment travailler ensemble ? Comment produire un spectacle qui est amené à rencontrer des publics tout aussi différents que les individus qui travaillent à ce pari fou et ce, à travers deux pays que sont le Portugal et la France ?
Les questions que pose une telle résidence sont nombreuses et si, aujourd’hui, nous n’avons pas encore toutes les réponses, le chemin que nous suivons ensemble est passionnant et c’est ce chemin que nous vous proposons de partager avec nous.

Et quel chemin !
Alors que notre métier nous invite traditionnellement à cultiver nos différences et nos singularités, ce projet nous à imposé une toute autre voie : qu’est-ce qui nous rassemble, qu’est-ce qui nous ressemble ?
Aujourd’hui une chose est certaine : quelles que soient les choses qui nous séparent, celles qui nous rassemblent sont encore plus fondamentales.
Quelles que soient nos différences, ce qui fait de nous des femmes et des hommes est universel… organique !

Aussi, l’oeuvre que nous avons décidé de monter est, elle aussi, universelle !
La Ronde de Arthur Schnitzler met en scène des couples. Le spectateur assiste à la rencontre, aux préliminaires, au jeu de séduction et/ou de pouvoir, et à la fin du tête-à-tête entre les personnages.

Notre Ronde est une valse à sept temps composée de sept rencontres pour cinq personnages : La jeune fille, le jeune artiste, l’épouse, le mari, la comédienne et le producteur.
Si ce n’est notre jeune artiste qui les cumule, les autres vont rencontrer chacun deux individus ; deux rencontres, deux expériences, deux éclairages…

Chaque rencontre est unique et à ce titre nous avons travaillé à leur offrir une théâtralité, un traitement, un genre, tout aussi singuliers.
Si certains tableaux flirtent avec le grotesque ou le pathétique, d’autres puisent leur inspiration dans le cinéma naturaliste.
Les rencontrent qui se succèdent nous transportent ainsi d’une rue déserte la nuit avec ses porches au loft d’un jeune artiste, d’une chambre à coucher parentale à une boîte de nuit, d’une chambre d’hôtel à une autre…

Si certains des protagonistes parlent la même langue, ce n’est pas toujours le cas. Ainsi certaines scènes font entendre du portugais, du français et d’autres, de l’anglais…
Il y les mots et ce qu’il y a dessous… C’est ce qu’il y a dessous qui se joue !
D’où qu’ils soient, tous les bébés ont faim, besoin de dormir, d’affection et leurs pleurs, comme leurs rires, sont universels !

C’est cela que tente de mettre en lumière notre spectacle : quel que soit notre langue, notre culture, notre âge, notre classe sociale ou notre sexe… la rencontre de l’autre est toujours une aventure : une aventure humaine qui se déroule sur notre scène et qui s’offre aux spectateurs comme un miroir.
Dans cette pièce, Arthur Schnitzler dépeint sa société et y présente des personnages issu de toutes les couches sociales. À son époque, cette pièce a fait scandale car elle était le miroir de ses contemporains…
Notre ronde, elle, se déroule aujourd’hui dans les rues de Porto.

En fait, nous aurions pu appeler cette valse à sept temps :
La Ronde ou La comédie humaine.

Alexis Henon

Fumo estreia dia 8 de Dezembro

Em Outubro surgiu a ideia de preparar um novo espectáculo com o grupo que compõe a turma de formação da in skené. Uma turma heterogénea, na idade e na experiência, o que tornou o desafio maior para todos. Estava então aceite.

Ao longo dos anos fomos criando inúmeros exercícios teatrais, que apresentámos nas noites de Exercício Final e em 2013 criámos Um Teatro em Revolução, que nos remetia para o interior de um Teatro, onde a sua companhia de actores procurava perceber o que fazer com o anúncio do seu encerramento. Estava encontrado o ponto de partida para esta nova encenação: espreitar novamente o interior do Teatro.

A primeira fase deste projecto começou com a procura das palavras e das expressões de actores, encenadores, pensadores e autores que fizessem reflectir sobre a importância do Teatro e da Verdade. Surge então um primeiro rascunho, que se foi escrevendo e rescrevendo a cada ensaio e que foi ganhando corpo e vida até termos encontrado Fumo.

 

Fumo, de João Ferreira, com palavras, expressões e olhares de Pedro Abrunhosa, Almada Negreiros, Ruy de Carvalho, Sampaio da Novoa, Joana Manuel, Diogo Infante, Eunice Muñoz, Filipe La Feria, Peter Brook e que podiam bem ser as suas.

 

Uma companhia de 23 actores e o seu encenador vivem imersos na sala de ensaio, na sua sala de criação. Uma sala que se expõe sempre inacabada, como um estaleiro, onde imergem e procuram criar os seus espectáculos. Como uma família, partilham juntos as suas conquistas e frustrações, atacam-se e apoiam-se, sempre juntos, “unidos como os dedos da mão”. Protegidos pelas paredes sem janelas da sala de ensaio, os actores revelam os seus medos, as suas inseguranças e, claro, as suas justas ambições. Competem entre si, mas observam-se com igual empenho. Nenhum momento, nenhuma fala é irrelevante. A observação é uma arma poderosa para a criação e eles sabem-no.

Com o anúncio do encerramento do teatro, que irrompe a meio do ensaio para uma espécie de Cabaret, os actores começam um processo difícil de assimilação e, talvez, de aceitação desse fim anunciado. Do Cabaret, apenas os tons de vermelho acompanharão a cena até ao espectáculo final. Vermelho, uma cor sem acaso.

Começam por discutir a forma como se poderá encerrar aquele Teatro. Se uns mais experientes denunciam já uma amarga melancolia, outros, mais jovens, transformam a frustração e raiva em criação e trazem para o palco a imagem de um Teatro em chamas. Só o fumo que sai do Teatro fará a cidade parar e observá-lo. Só assim o podem manter vivo. Será?

O encenador observa-os e garante as condições para que a criação não pare e aconteça de forma espontânea. Mais luz, ou menos luz. Com ou sem música. Nem sempre é bem-sucedido e à medida que os actores procuram continuar o seu trabalho, à medida que procuram criar o final perfeito, mergulhamos em momentos dispersos, por vezes quase surreais. Fragmentos de textos e peças, que usam como armas para defender o seu direito à Arte, ao seu Teatro. Querem dar sentido ao derradeiro espectáculo. Procuram a Verdade.

Por raros momentos o palco fica vazio, mas é nesses instantes que nos permite observar a sua maior fragilidade.

Da sátira que critica a comercialização da actividade cultural, que critica o apelo a uma simplicidade oca no diálogo, saltamos para um grito de amor à arte de representar.

Um vestido preto, como que um luto alinhado com as paredes daquela sala, rodeado de cor e vida, encerra (?) o espectáculo, provando-se que a maior solidão se pode viver ali mesmo, junto de tudo o que amam.

Fumo. Na esperança de uma cidade que pare e o observe.

 

João Ferreira.